Poucas vezes na vida senti tristeza. Tristeza mesmo, daquelas que aparecem de repente. Ela veio numa sexta a noite. Dia bem ingrato, impróprio eu diria. Fui pra casa dormir. Nada como uma boa noite de sono pra zerar.
Sábado de manhã. Acordo e ela continua ali. Ou melhor, aqui, dentro do meu peito. Engraçado essa coisa da gente sentir uma coisa tão subjetiva no físico. Doía mesmo.
Eu não costumo sentir tristeza. Muito pelo contrário, sou uma pessoa bem alegre, cheia de graça. Cuca fresca até demais. Gosto de vida boa, de sorrir, de piada, não cultivo sofrimento ou bode. Mas ok, eu tinha que levantar e encarar o bicho que apareceu dentro de mim.
Levantei, desci as escadas e estava meio friozinho. Cheguei na cozinha, e me deparei com meu marido preparando o café da manhã. Tô fazendo rabanadas, ele disse. E simples assim, numa frase, numa pequena atitude a minha tristeza foi embora.
Passei vários dias pensando sobre o que tinha acontecido. E logo me veio na cabeça um livro que não li, mas vi o filme. Não porque não costumo ler, mas livro com faminha não costuma me agradar sabe. Comer, rezar e amar. Sim, aquele que Julia Roberts fez a protagonista. Aquela loira que ficou milionária contando sua experiência de vida, enfrentando uma fase bosta da vida e superando com um ano sabático cheio de perrengues, massas, meditação e um romance no final. Desculpe se você não viu o filme. É isso que acontece.
Agora entendi o tal sucesso do roteiro. Nada como um amorzinho, um gesto de carinho, uma comida boa dessas de lamber os beiços e um pouquinho de pensamento positivo (pra mim, rezar é praticamente isso) que a vida fica doce. E a tristeza vai pro saco.